Autor(es):
Souza, Ivo Carneiro de
Data: 2007
Identificador Persistente: http://hdl.handle.net/10437/1939
Origem: ReCiL - Repositório Científico Lusófona
Assunto(s): SOCIOLOGIA; MULHERES; ESTUDOS DO GÉNERO; MACAU
Descrição
A história social de Macau constitui um campo de estudo largamente por cultivar, mais
ainda quando se procura reconstruir e interpretar a circulação de crianças, jovens e mulheres que, de origem fundamentalmente chinesa e asiática, em profunda situação de subalternidade
e exploração sociais, foram concorrendo quase paradoxalmente para a sobrevivência de uma presença política, económica, cultural e simbólica que se reivindicava «portuguesa». No
território macaense, distinguindo-se do que se passava em outros espaços coloniais, como Goa
ou o Brasil, a presença de mulheres europeias é praticamente inexistente ou fragmentária até
quase finais do século XIX, quando o estado central começa sistematicamente a funcionalizar
e a assalariar as longínquas administrações, contingentes militares e burocracias coloniais. Em
rigor, de forma generalizada, a presença social portuguesa nos diferentes enclaves asiáticos que se organizavam sob a tutela político-institucional do chamado «Estado da Índia», da África Oriental a Timor, não mobilizava mulheres de origens europeias, descontados alguns
exemplos, aventuras e esforços de circulação de orfãs, maioritariamente limitados ao enclave
goês,2 mas quase sem expressão no devir social de Macau.