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IntroduçãoOs hemangiomas infantis são tumores vasculares comuns no lactente. Têm habitualmente uma evolução favorável, mas podem surgir complicações: ulceração, compromisso visual, obstrução da via aérea, insuficiência cardíaca de alto débito, dificuldade alimentar ou desfiguração permanente. As terapêuticas disponíveis até recentemente tinham eficácia marginal e efeitos acessórios consideráveis. O propranolol tem surgido como alternativa eficaz e segura.MetodologiaIncluímos lactentes e crianças com diagnóstico de hemangioma infantil que num período de 32 meses foram referenciados a Cardiologia Pediátrica e medicados com propranolol. Avaliação prévia incluiu ECG e ecocardiograma; a dose foi aumentada gradualmente em ambulatório. Registámos retrospectivamente dados demográficos, localização das lesões, resposta à terapêutica e eventuais efeitos adversos.ResultadosIdentificámos 30 casos, 20 do sexo feminino. A localização mais frequente foi na cabeça (63%), seguida do tronco (20%), membros superiores (10%), hepáticos (7%) e períneo (7%); sete eram orbitários; cinco ulcerados. A idade mediana no início da terapêutica foi quatro meses e a duração mediana nove meses. A resposta foi favorável na cor em 100%, no volume em 96%, na superfície em 81%. Em 44% houve involução completa (idade inferior a seis meses ou hepáticos). Registámos dois casos de sibilância recorrente pós-bronquiolite que suspenderam o propranolol.Discussão / Conclusão:Na medida do nosso conhecimento, esta é a maior série nacional de propranolol nos hemangiomas infantis. O protocolo revelou-se seguro, exequível em ambulatório e com resultados favoráveis, sobretudo quando iniciado precocemente. Uma avaliação multidisciplinar envolvendo em tempo útil pediatras, médicos de família, dermatologistas e cardiologistas pediátricos é fundamental nesta patologia.