Autor(es):
Rego, C. M.
; Guerra, A. J. M.
; Prata, A.
; Lebre, E.
; Fontoura, M.
; Santos, N. Teixeira
Data: 2014
Origem: Acta Pediátrica Portuguesa
Assunto(s): Adolescente feminina; ginástica rítmica; estado de nutrição; maturação sexual
Descrição
A prática de ginástica rítmica em regime de alto rendimento, condiciona perturbações do comportamento alimentar bem como adaptações hormonais e metabólicas. Quando esta prática se verifica durante a infância e adolescência, tais adaptações podem interferir no estado de nutrição e desenvolvimento pubertário.Com o objectivo de estudar tais repercussões, procedeu-se à avaliação de 29 ginastas pertencentes às Selecções de Ginástica Rítmica de Portugal (n=18) e da Rússia (n=11). De entre as 14 Selecções participantes no «VIII Torneiro Internacional de Portimão 1994», a escolha destas duas Selecções deveu-se ao facto de apresentarem respectivamente as menor (21 h/sem) e maior (50 h/sem) cargas de treino.A totalidade das ginastas avaliadas apresenta indicadores do estado de nutrição (peso, somatório de pregas, índice de massa corporal de Quetelet e massa gorda) inferiores aos de referência, sendo o deficite significativamente mais acentuado para o grupo com maior carga de treinos (Selecção russa) (p<0,001). Observa-se um atraso da puberdade e da idade média da menarca (13,9 ± 1,2 anos), registando--se uma incidência de 100% de amenorreia primária no grupo com maior carga de treino.A dieta praticada pelas ginastas da Selecção portuguesa é hipoenergética (V.E.T. = 1263 ± 325) e desequilibrada, apresentando um elevado suprimento em proteina (1,9 ± 0,4 gr/kg/d) e um baixo suprimento em cálcio (838 ± 225,4 mg/d) e em ferro (6,4 ± 0,9 mg/d).Os Autores concluem que a prática de ginástica rítmica em regime de alto-rendimento interfere de modo significativo negativo no estado de nutrição e maturação sexual de adolescentes femininas, sendo as repercussões tanto mais marcadas quanto maior a intensidade do treino.