Autor(es):
Cancelinha, Cândida; Hospital Pediátrico, Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra
; Salminen, Marjo; University of Tampere Medical School, Tampere
; Marlow, Robin; Schools of Clinical Sciences & Cellular & Molecular Medicine, University of Bristol
; Silva, Patrícia; Hospital Pediátrico, Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra
; Marinho, Joana; Hospital Pediátrico, Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra
; Puustinen, Leena; University of Tampere Medical School, Tampere
; Finn, Adam; 3Schools of Clinical Sciences & Cellular & Molecular Medicine, University of Bristol
; Januário, Luís; Hospital Pediátrico, Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra
; Rodrigues, Fernanda; Hospital Pediátrico, Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra
Data: 2013
Origem: Acta Pediátrica Portuguesa
Descrição
Introdução: Rotavírus (RV) e norovírus (NoV) são descritos como causa importante de gastrenterite aguda (GEA) na criança, os últimos particularmente em surtos. Os dados nacionais sobre NoV são e escassos. Este estudo pretende determinar o papel destes vírus na etiologia da GEA num Serviço de Urgência (SU) pediátrico.Material e métodos: Estudo prospectivo dos casos de GEA observados entre janeiro e maio de 2009 num SU pediátrico de um hospital nível III, com recolha de dados demográficos e clínicos. Foi efetuada pesquisa de NoV, sapovírus, RV, adenovírus, Campylobacter jejuni, Shigella, Yersinia e Salmonella spp nas fezes.Resultados: Das 1071 crianças com idade <13 anos com GEA observadas neste período, obteve-se amostra de fezes em 371 (43%), constituindo a população do estudo. Foram identificados um ou mais agentes etiológicos em 179 dos 371 casos (48%), maioritariamente RV (89/371, 24%) e NoV (49/371, 13%). Os genótipos de NoV mais frequentes foram GII.4 e GII.7. Verificou-se co-infeção em 8% dos casos. Os NoV foram mais frequentes nos dois primeiros anos de vida, com febre e vómitos presentes em cerca de metade dos casos. A maioria das infeções ocorreu de forma esporádica.Discussão: Os NoV foram o segundo agente mais frequentemente identificado na GEA observada num SU pediátrico no período de inverno-primavera, após RV. Estes dois vírus foram responsáveis por 34% das GEA neste período. A utilização de uma vacina eficaz contra NoV, combinada com a implementação eficaz das vacinas disponíveis para RV, poderá ter um impacto significativo na GEA pediátrica do inverno-primavera em Portugal.