Author(s):
José, André Cristiano
; Araújo, Sara
Date: 2007
Persistent ID: http://hdl.handle.net/10316/11087
Origin: Estudo Geral - Universidade de Coimbra
Description
A sociedade moçambicana é atravessada por complexas redes de resolução de litígios,
constituídas por conjuntos de instâncias que assentam em variadas ordens normativas e usufruem
de diferentes graus e fontes de legitimidade. Assim, para além dos tribunais judiciais e dos
tribunais comunitários, cuja principal fonte de legitimidade deriva do Estado, existem outras
instâncias cuja legitimidade assenta em outras fontes, como a proximidade cultural em relação aos
cidadãos, a eficácia, o tipo de soluções alcançadas, a celeridade e/ou os baixos custos. O potencial
emancipatório destas deriva de constituírem modelos alternativos a uma justiça e a um conceito de
direito de inspiração neoliberal, promovendo o acesso à justiça nos contextos em que se inserem e
podendo funcionar como referência à criação de modelos mais democráticos de acesso à justiça
em todo o mundo. Este texto pretende discutir esta temática a partir do trabalho de investigação
realizado no Bairro de Inhagoia «B», cidade de Maputo. Centrando-se no desempenho do grupo
dinamizador e do tribunal comunitário, procura analisar as suas fontes e graus de legitimidade que,
condicionadas pelas suas lógicas de funcionamento e pelo percurso histórico institucional, variam
substancialmente, e perceber o papel que estas instâncias desempenham na promoção do acesso à
justiça e no fortalecimento da democracia moçambicana.