Autor(es):
Miranda, Isabel Maria
; Vieira, Ricardo
Data: 2008
Identificador Persistente: http://hdl.handle.net/10400.8/470
Origem: IC-online
Assunto(s): Gemelaridade; Narrativa de si; Invenção de si; Etnobiografia; Autobiografia indirecta; Subjectivação da objectividade
Descrição
Esta comunicação pretende apresentar parte de uma pesquisa recentemente
efectuada onde se procurou estudar o processo de construção e reconstrução
da identidade nos gémeos.
Pretendemos desocultar em que medida a gemelaridade, sendo uma condição
objectiva, pode ser subjectivada pelo sujeito na construção da sua identidade
e quais as estratégias a que recorre para se construir e reconstruir, bem como
o(s) motivo(s) pelo(s) qual (quais) agencia a sua identidade. Quando, como e
por que é que se inventa diferente.
Centrada no percurso de quatro pares de gémeos, a opção tomada foi a de
ouvir os próprios sujeitos a dois tempos e duas vozes (nós/eu), conjugando a
entrevista em grupo (par) com a individual.
Um estilo de entrevista em profundidade, como conversa com um objectivo,
em que o entrevistador orienta a narração, permite que os entrevistados
construam, sob o ponto de vista narrativo, as histórias com as quais explicam
os seus percursos de vida e processos de identificação. Este tipo de
entrevistas permite ao entrevistado dar sentido ao que nunca tinha sido
nomeado, tornando o implícito explícito, revelando o que estava oculto,
dando forma ao que não a tinha, e esclarecendo o que era confuso.
A narrativa de si, a história que o eu conta acerca de si mesmo para se
reencontrar como sentido, suscita um trabalho particular de memorização,
permitindo a produção de uma etnobiografia, que constitui uma fatia da vida
sob forma de autobiografia indirecta
Na gemelaridade, a narrativa de si surge como um dos “espelhos” onde é
possível construir “a imagem” afirmando a diferença da subjectividade
objectivada pela exterioridade.