Autor(es):
Almeida, Sara Libânia Dias
Data: 2014
Identificador Persistente: http://hdl.handle.net/10316/25605
Origem: Estudo Geral - Universidade de Coimbra
Assunto(s): Depressão, doentes; Personalidade; Insuficiência cardíaca
Descrição
O presente estudo tem como objectivo aprofundar a compreensão
acerca das relações entre depressão, personalidade tipo D, estado de saúde e
autocuidado, em pacientes com insuficiência cardíaca. É também pretendido
explorar a interferência de factores sociodemográficos e clínicos nas
variáveis em análise.
Recorre-se a um estudo exploratório descritivo transversal com uma
abordagem de natureza essencialmente quantitativa. Administrou-se, através
de entrevista, um protocolo de investigação que visa a recolha de dados
sociodemográficos e clínicos, a avaliação da personalidade tipo D (escala
tipo D - DS14), da sintomatologia depressiva (inventário de depressão de
Beck - BDI-II), do estado de saúde (questionário de estado de saúde -
SF-36v2) e do autocuidado (escala de autocuidado para a pessoa com
insuficiência cardíaca - SCHFI). A amostra clínica é constituída por 80
utentes dos Hospitais da Universidade de Coimbra (CHUC), com recurso a
uma amostragem não-probabilística ou não aleatória, de natureza acidental,
casual ou conveniente.
Os resultados indicam que tanto a sintomatologia depressiva, como a
personalidade tipo D são características prevalecentes no funcionamento
mental, da amostra em estudo, e que interferem, de forma substancial e
negativa com o estado de saúde, em todos os seus domínios, apontando uma
tendência para um reduzido autocuidado. Mais especificamente, verifica-se
que 73.8% da amostra apresenta algum grau de depressão e que 31.3% pode
ser categorizada com personalidade tipo D. O grupo com personalidade tipo
D apresenta, de modo estatisticamente significativo, pontuações mais
elevadas em depressão e pontuações em estado de saúde substancialmente
mais baixas, do que o grupo sem personalidade tipo D.Verificam-se como
factores de risco acrescido o historial de acompanhamento psicológico, ser
viúvo, não ter habilitações literárias ou ter um nível reduzido (1º ciclo), estar
de baixa médica ou ser reformado. As associações negativas,
estatisticamente significativas, permitem afirmar que sempre que a
depressão e/ou a personalidade tipo D aumenta, tanto o estado de saúde,
como todos os seus domínios e a confiança diminuem, e vice-versa. Os
resultados revelam também, associações positivas entre a escala de
depressão e ambas as subescalas da personalidade tipo D, assim como, entre
a escala estado de saúde e a subescala confiança. Constata-se, ainda, que a
depressão e a afectividade negativa apresentam um valor preditivo de um
pior estado de saúde, com uma percentagem de variância de 62.4% e 33.4%,
respectivamente.
Assim, os resultados desta dissertação, sustentam e dão ênfase à
extensa literatura que aponta para a intervenção e preponderância dos
factores psicológicos, nomeadamente a depressão e a personalidade tipo D,
no desenvolvimento e pior prognóstico, da doença cardíaca em geral e da
insuficiência cardíaca, em específico. São, ainda, necessários novos estudo
que visem aprofundar e clarificar esta temática. The purpose of this study is to probe the understanding on the
relationship between depression, type D personality, health status and selfcare
in patients with heart failure. It is also intended to explore the
interference of socio-demographic and clinical factors in the analysed
variables.
A transversal descriptive exploratory study with an essentially
quantitative approach was used. An investigation protocol through interview
was established and it aims the collection of socio-demographic and clinical
data, the evaluation of type D personality (type D scale 14 – DS14),
depressive symptoms (Beck depression inventory – BDI-II), health status
(MOS Short Form Health Survey – 36 Item (version 2)) and self-care (Self-
Care of Heart Failure Index – SCHFI). The clinical sample is made of 80
patients of Coimbra University Hospitals (CHUC) with a non-probabilistic
or non-random sample, which is accidental, casual or convenient.
The results show that both the depression symptoms and type D
personality are prevailing characteristics in mental function of the sample
studied and they interfere in a significant and negative way with health status
in all its domains. Moreover, it shows the tendency to a reduced self-care.
More specifically: 73.8% of the sample shows some degree of depression,
and 31.3% can be categorized with type D personality. With statistical
significance, the group with type D personality shows higher scores in
depression and substantially lower scores in health status than the group
without type D personality. It was found as increased risk factors the history
of psychological counselling, being widow(er), not having qualifications (or
having a low level), being on sick leave or being retired. The negative
association, statistically significant, allow us to state that when depression
and/or type D personality increases, health status in all its domains and
confidence decrease, and vice versa. The results also show positive
association between the depression scale and both type D personality
subscales and between health status scale and confidence subscale. It was
also possible to find out that depression and negative affectivity present a
predictive value of a worse health status, with a variance percentage of
62.4% and 33.4% respectively.
Therefore, the results of this dissertation support and give emphasis to
the extensive literature which points out to the intervention and
predominance of psychological factors, namely depression and type D
personality, in the development and worse prognosis of heart disease in
general and heart failure in particular. New studies are still necessary to
probe and clarify this topic. Dissertação de mestrado em Psicologia Clínica e da Saúde (Psicopatologia e Psicoterapias Dinâmicas) apresentada à Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade de Coimbra