Author(s):
Costa, António Alberto Magalhães da
Date: 2013
Persistent ID: http://hdl.handle.net/10316/25320
Origin: Estudo Geral - Universidade de Coimbra
Subject(s): Desemprego; Política de emprego
Description
O desemprego em Portugal sofreu nos últimos anos uma evolução
dramática e é unanimemente considerado como um dos mais importantes
problemas das sociedades contemporâneas do mundo ocidental. No seio da
União Europeia, Portugal foi durante muitos anos um dos países com taxas
de desemprego mais baixas, mas a evolução não foi complacente: de uma
taxa de desemprego de 4,6 % em 2001 para 15,9% em 2012 (Eurostat), de
316440 pessoas registadas como desempregadas em 2001, para 675466 em
2012 (IEFP).
Sendo certo que o emprego e o desemprego dependem, em primeiro
lugar, do estado da economia, as políticas de emprego sempre
desempenharam um papel importante na contenção dos impactos negativos
das situações de desemprego e na dinamização das soluções de emprego
para as pessoas, com particular atenção às mais vulneráveis. O cadastro de
definição e implementação destas medidas é impressionante: no âmbito do
serviço público de emprego, entre 2001 e 2012, foram abrangidas cerca de
1.000.000 de pessoas em medidas de emprego e cerca de 1.850.000 de
pessoas em medidas de formação. A avaliação do impacto das diferentes
acções não é uniforme, mas não obstante as críticas a determinadas fórmulas
concretas de definição, gestão e execução, o resultado geral é considerado
globalmente positivo e indispensável.
Consideramos que a organização de serviços e a definição de medidas
concretas para mediar os efeitos do desemprego não pode negligenciar a sua
dimensão subjectiva, relativa a pessoas concretas, e que, para tal, é
indispensável o contributo de diferentes disciplinas, como seja a Psicologia.
Anos de investigação sobre os impactos do desemprego têm evidenciado os
seus efeitos negativos no bem-estar e na saúde mental, que se arrastam e
deixam as suas marcas por vezes indeléveis nas famílias e comunidades.
Apresentamos, a este respeito, resultados de estudos sobre as dinâmicas e
factores moderadores, e sublinhamos, muito particularmente, a importância
dos estudos sobre a procura de emprego e a empregabilidade.
O resultado é uma proposta de encontro mais frequente e ponderada
entre as políticas de emprego e as dimensões subjectivas do mundo do
trabalho, que resultam de estudos concretos de diversos investigadores, e que
incorpora algumas acões concretas: levar mais a sério a informação,
orientação e aconselhamento, aprofundar as intervenções relacionadas com a
procura de emprego e a empregabilidade, avaliar de forma mais completa as
medidas de emprego e formação, irrompê-las de maior participação das
diferentes comunidades.
Não se trata de originalidades, mas de princípios já consignados, de
uma forma ou de outra, em vários documentos produzidos no âmbito das
instituições comunitárias, mas perdidos na parafernália vocabular e nas
vontades submetidas a urgências que não se vocacionam nos cidadãos. Dissertação de mestrado em Psicologia da Educação, Desenvolvimento e Aconselhamento, apresentada à Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade de Coimbra.