Autor(es):
Abrantes, Mariana Pinto
Data: 2013
Identificador Persistente: http://hdl.handle.net/10316/24411
Origem: Estudo Geral - Universidade de Coimbra
Assunto(s): arquitectura, estudos; arte, estudos
Descrição
A arquitectura no seu campo artístico foi um ponto de paragem na procura de um tema para
uma investigação. Uma paragem que se expandiu em várias questões: Arquitectura é arte, ou é
uma arte? Pode a arte ter uma linguagem arquitectónica? Quando se separaram os dois saberes
(se alguma vez se separaram)? Qual o lugar da arte na arquitectura, hoje? Afinal, o que é então
a arquitectura?
Esta investigação compreende 3 capítulos que procuram mais do que encontrar respostas (se
as houver), conhecer novas relações, divulgar novas perspectivas, explorar pensamentos e
opiniões, levantar questões, criar discussões e dúvidas, e principalmente, percorrer um caminho
acompanhado destas problemáticas.
No capítulo I proponho uma análise aos acontecimentos históricos que foram condicionantes
dos caminhos dos dois saberes. Procuro explorar, no I.I uma recolha mais ampla da história a
partir do momento em que a arte e arquitectura se autonomizaram e fazer especial referência a
movimentos que se irão tornar relevantes para o desenvolvimento da análise: o ready-made, o
construtivismo, o modernismo, o brutalismo e a pop-art. Aprofundando este relacionamento
histórico, no I.II, com a linha orientadora do artigo de Robert Morris “Notes on Sculpture”
(1966) são exploradas as problemáticas comuns dos dois campos que se destacaram neste artigo, (relevo, cor, luz, forma, tamanho, escala, detalhe e envolvente) apesar da sua especificação
escultórica. No I.III procuro o impacto na arquitectura com a reunião das várias artes num
movimento modernista: o brutalismo. Um grupo composto por artistas, arquitectos, fotógrafos,
etc, que partilhavam os mesmos ideais e que interagiam nas suas práticas, com especial foco nas
exposições Parallel of life and art (1953) e This is tomorrow (1956).
Como um caminho até à contemporaneidade o capítulo II apresenta uma panorâmica das
relações entre a arquitectura e a expansão dos campos que interagem e se cruzam. A primeira
abordagem, que apresento no II.I, é a relação da arquitectura como medium para a arte: Museu/
Galeria considerado um espaço para obras em oposição ao Site Specific projectando as obras para
um espaço específico. Pretendo explorar a relação com os espaços expositivos e perceber se são
condicionantes ou limitadores; e a evolução dessa participação artística em espaços construídos.
Procuro assim exemplos de diálogos entre a obra de arte e os espaços de exposição, como no
caso de Duchamp ao desafiar a liberdade da galeria, a ruptura de Mondrian, o desprendimento
de Corbusier, e o conceito de museu como caixa branca. Ao sair do espaço delimitado do
museu/galeria, transmitirá o site-specific (exemplos como Andrea Zittel, e Richard Serra) uma
liberdade criativa mais intensa? Exponho assim a relação com o espaço e a obra em si, e a sua
potência como experiência, concluindo com uma reflexão sobre a articulação entre a produção
e a exposição, com uma especial referência ao Instituto Inhotim, no Brasil.
A arquitectura no campo expandido é explorada, no II.II, em diferentes etapas. A primeira
etapa corresponde a uma apropriação de um esquema de R. Krauss, no seu artigo “Sculpture in
the Expanded Field” (1979) para a temática da arquitectura e procuro uma linha orientadora que
vai determinar essa análise: corresponde à “Mesa redonda sobre Arte e Arquitectura” publicada
na ArtForum (Oct. 2012), por artistas, arquitectos e teóricos. Para um desenvolvimento mais específico no diálogo dos dois pólos artísticos exploro, numa
segunda etapa, a problemática da casa, da cidade, das relações espaço-tempo, e as relações
pessoais (entre o autor e o público).
O último capítulo (III) corresponde a um lado mais prático da investigação que se debruça sobre
as obras de duas personalidades criativas da actualidade e reflectem os possíveis cruzamentos
quer do artista na área arquitectónica - Rodrigo Oliveira (III.I), quer no arquitecto na área
artística – Didier Fiuza Faustino (III.II).
A metodologia prevista incluía uma pequena entrevista pessoal, preparada para cada um dos
casos de estudo, complementada com uma análise interpretativa às obras relevantes para o
tema; não tendo sido possível uma entrevista pessoal a Didier, realizo uma recolha de várias
entrevistas e utilizo assim o seu testemunho sobre as suas intenções. Dissertação de Mestrado Integrado em Arquitectura, apresentada ao Departamento de Arquitectura da F. C. T. da Univ. de Coimbra.