Author(s):
Silva, Dulce Micaela Camacho da
Date: 2012
Persistent ID: http://hdl.handle.net/10316/23289
Origin: Estudo Geral - Universidade de Coimbra
Subject(s): Imagem corporal; Perturbações alimentares
Description
A insatisfação com a imagem corporal e os comportamentos de dieta
são agentes de risco significativos para o desenvolvimento de perturbações
alimentares em ambos os géneros, mas com uma maior predominância na
população feminina. Por conseguinte, compreender os preditores que levam
à formação de uma imagem corporal negativa e que, por sua vez, motiva o
sujeito para a procura do ideal de beleza, é um foco importante de
investigação. Neste sentido, no nosso estudo quisemos verificar se realmente
há uma maior propensão no género feminino para a apresentação de um
comportamento alimentar perturbado. Procurámos, também, analisar as
contribuições da vergonha externa e interna, do índice de massa corporal, da
discrepância do IMC, e da aceitação em relação à imagem corporal, para
explicar a insatisfação corporal e a procura da magreza, por género. A
amostra foi constituída por 184 sujeitos do sexo masculino, e 299 do sexo
feminino. De facto, verificamos que o género feminino apresentou mais
insatisfação corporal e mais procura da magreza em comparação com o
masculino. Os melhores preditores de insatisfação corporal foram a
vergonha externa e a aceitação da imagem corporal, para o género masculino
e para o género feminino, respectivamente. Quanto à explicação da procura
da magreza, o preditor mais significativo na amostra masculina foi a
discrepância do IMC, e novamente no género feminino a medida de
flexibilidade psicológica em relação à imagem corporal. A investigação tem
sugerido que crenças associadas ao comportamento alimentar e a falta de
aceitação em relação à imagem corporal estão associadas a uma reduzida
flexibilidade psicológica, que, por seu turno, está vinculada ao evitamento
experiencial. Por fim, o nosso estudo pretendeu também demonstrar o papel
da aceitação da imagem corporal na relação entre variáveis associadas ao
IMC e à sintomatologia alimentar. Verificou-se que a aceitação psicológica
em relação à imagem corporal medeia parcialmente a relação entre IMC e
insatisfação corporal, no género feminino, e medeia parcialmente as
relações, entre discrepância do IMC e insatisfação corporal, e entre
discrepância do IMC e procura da magreza, em ambos os sexos. Os
resultados mostram que na presença de sintomatologia alimentar, a
existência de um mecanismo de regulação emocional funcional parece ser
um processo importante para levar a cabo na conceptualização e no
tratamento de casos, e sugere ainda que as terapias tais como a ACT, que se
concentram no desenvolvimento de flexibilidade psicológica, podem ser
benéficas no tratamento das perturbações alimentares. Dissatisfaction with body image and diet behaviours are significant
risk factors for developing eating disturbances in both genders, even though
that development is more predominant within the female gender.
Consequently, understanding the predictors that contribute to originate a
negative body image, and in turn motivate the individual to seek the beauty
ideal, is an important focus of investigation. Accordingly, this study looked
to confirm if indeed the female gender is more prone to present disturbed
eating behaviour. The aim was also to analyse the contribution of external
and internal shame, body mass index, discrepancy of BMI, and body image
acceptance, in order to explain the body image dissatisfaction and the drive
for thinness, according to gender. The sample was formed by 184 males and
299 females. The results showed that the females had greater body image
dissatisfaction and a bigger drive for thinness than the males. The best
predictors of body image dissatisfaction were external shame and body
image acceptance for the male gender and the female gender, respectively.
Regarding the explanation of the drive for thinness, the most significant
predictor in the male sample was the discrepancy of the BMI, and again in
the female sample it was the measure of psychological flexibility in relation
to body image. Studies have suggested that beliefs associated with eating
disorders and with lack of body image acceptance are associated with
reduced psychological flexibility, which in turn is linked to experiential
avoidance. Lastly, this study also intended to demonstrate the role of body
image acceptance in relation between variables associated with BMI and
eating behaviours. It was verified that psychological acceptance in relation
to body image partially mediates the relationship between BMI and body
image dissatisfaction for the female group, and partially mediates the
relationships, between discrepancy of BMI and body image dissatisfaction,
and between discrepancy of BMI and drive for thinness, in both genders.
The results show that in presence of eating symptomatology, a functional
mechanism of emotional regulation seems be an important process to carry
out when conceptualising and treating cases, and further suggest that
therapies such as ACT, which focus on psychological flexibility, can help to
treat eating disorders. Dissertação de mestrado em Psicologia Clínica (Intervenções Cognitivo-Comportamentais nas Perturbações Psicológicas e de Saúde) apresentada à Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade de Coimbra.