Author(s):
Cardoso, Isabel
; Carapinha, Aurora
; Rodrigues, Paulo
; Matos, Rute Sousa
; Santos, Ilda
Date: 2011
Persistent ID: http://hdl.handle.net/10174/8037
Origin: Repositório Científico da Universidade de Évora
Subject(s): Paisagem; Património
Description
Há 25 anos, o centro histórico da cidade de Évora foi classificado Património Mundial da Humanidade. Para comemorar esta data importante, o Centro de História da Arte e de Investigação Artística / CHAIA da Universidade de Évora propõe a criação de um Seminário Interdisciplinar de Investigação sobre Paisagem e Património. 2011 é também o ano em que a Universidade de Évora comemora o 30° aniversário da criação da sua licenciatura de arquitectura paisagista. Com a licenciatura criada no mesmo ano (1981) pelo Instituto Superior de Agronomia em Lisboa, este diploma marca o início do ensino autónomo da disciplina em Portugal.
O seminário abre um espaço de reflexão em torno de dois conceitos hoje sobre expostos, devido às importantes implicações económicas que lhes estão associadas. No decurso das décadas de 1970/80, num contexto de profundas transformações económicas e sociais, a noção de património impõe-se junto do grande público. A partir dessa altura, na cultura ocidental, a conservação e a transmissão dos patrimónios materiais e imateriais passa a estar associada às questões da memória e da pertença identitária. Para o historiador francês Pierre Nora, a ruptura definitiva com as antigas tradições rurais e urbanas marca um ponto de viragem na nossa relação com o conceito de património. A perda das marcas identitárias conduz à era do “tudo é património”, que o historiador define como a passagem de um património de estado e nacional (herdado) para um património de tipo social e comunitário (reivindicado). Por outras palavras, o património sai da sua época (idade) histórica para entrar numa época (idade) memorial e as noções de memória e de identidade passam a ser indissociáveis do próprio termo de património.
A noção de que “tudo é património”, em torno da qual entretanto se construiu um importante sector da economia baseado no turismo cultural, encontra o seu equivalente na “omnipaisagem” descrita por Michael Jakob. Hoje em dia, o território também está na moda. Abandonado durante cinquenta anos, a paisagem seria reabilitada no decurso da década de 1980, quando se começou a pôr em causa o modelo de crescimento dominante e os seus impactos desastrosos para o ambiente. As iniciativas políticas tomadas pelos diferentes países europeus acabariam por inspirar uma política transnacional e por produzir uma ferramenta comum, a Convenção Europeia da Paisagem, que Portugal ratificou em 2005.
Neste seminário dedicado à polissemia e às variadíssimas representações associadas aos conceitos de Paisagem e de Património debater-se-ão, de maneira aprofundada e numa perspectiva interdisciplinar, os valores estético, emocional e de uso que lhes subjazem bem como os aspectos político, económico, cultural que regem a evolução destes dois conceitos ao longo do tempo.