Author(s):
Lopes, M. J.
Date: 2011
Persistent ID: http://hdl.handle.net/10174/4108
Origin: Repositório Científico da Universidade de Évora
Subject(s): Relação terapêutica; Enfermagem; Investigação
Description
No âmbito da prestação de cuidados de saúde, em geral, e de enfermagem, em particular, a relação é sistematicamente referenciada como algo essencial. Contudo, a definição concreta dessa relação, ou seja, a explicitação de quais os elementos que a constituem e como se desenvolve, nem sempre fica expressa, dificultando, assim, a todos, a compreensão de como usar tão importante componente. A juntar a isto, constata-se ainda que a relação é também sistematicamente referida numa perspectiva de dualismo clivado. Ou seja, os discursos dão-nos a entender que existem, basicamente, dois tipos de cuidados, os técnico-instrumentais e os relacionais, parecendo que uns e outros têm existência independente e ocorrem em momentos autónomos no tempo.
O que acontece no âmbito dos cuidados a doentes do foro psiquiátrico constitui-se como excepção parcial à realidade atrás descrita. De facto, neste caso, constata-se que a relação já foi conceptualizada enquanto instrumento de intervenção terapêutica por quase todos os sectores profissionais que aí prestam cuidados. Ou seja, foram identificados os diversos elementos que a constituem e estruturada a forma como se desenvolve. Todavia, a linguagem continua a traduzir muitas vezes uma visão clivada dos cuidados.
Na enfermagem, esta problemática da relação é particularmente importante, basicamente, por duas ordens de razões. Primeiro, porque os enfermeiros são os profissionais de saúde que mais tempo permanecem em contacto com os doentes. Segundo, porque esse contacto adquire, em imensas circunstâncias, um grau de intimidade inquietante, quer para o doente, quer para o profissional.