Autor(es):
Fernandes, João Paulo
Data: 2011
Identificador Persistente: http://hdl.handle.net/10174/3756
Origem: Repositório Científico da Universidade de Évora
Assunto(s): Engenharia Natural
Descrição
A Engenharia Natural pode ser definida como um ramo da engenharia que tem como objecto o território, que procura optimizar os processos construtivos numa perspectiva simultânea de funcionalidade estrutural e ecológica. Tem, portanto, como objectivo primário que as suas intervenções preencham plenamente os objectivos que se lhes colocaram do ponto de vista das exigências de uso e se insiram simultaneamente o mais harmoniosamente possível no espaço sistemas naturais, utilizando para tal, os seus próprios sistemas e processos funcionais." Os seres humanos, têm como principal, senão única, vantagem adaptativa a sua capacidade de reconhecerem o seu ambiente e de, através do seu imaginário intervirem nele de modo a potenciar as funções que os beneficiam e a contrariar aquelas que os prejudicam. Ao longo dos milénios esta capacidade de gerir o ambiente tomou muitas formas, desde a domesticação de plantas e animais, a irrigação, a construção de abrigos até às profundíssimas alterações que hoje observamos na Terra. Esta gestão foi, contudo, sempre condicionada pela quantidade de trabalho e energia disponível. Essa limitação determinou que a maior parte dessas intervenções se caracterizasse mais pela orientação das funções e processos naturais, mais do que pela sua substituição por sistemas exteriores artificiais. A vantagem desta forma de intervenção era a de que, ao trabalhar com os Sistemas Naturais e não contra eles, se obtinham resultados idênticos com muito menores custos de manutenção e com crescente eficácia. A crescente disponibilidade de energia e de tecnologias determinou uma alteração a esta prática, tendendo para que a produção de bens e serviços e utilização dos recursos naturais fosse crescentemente menos eficiente e mais penalizadora para os sistemas naturais, originando uma situação em nos arriscamos a comprometer os mesmos e a sua capacidade de suportarem as nossas sociedades. O desafio que se coloca hoje às sociedades humanas e às ciências e tecnologias é o de desenvolver sistemas de uso e valorização dos recursos naturais e humanos que garantam a resolução dessas crescentes tensões de modo a garantir as condições para que se garanta o progresso das condições de saúde e bem-estar da humanidade dentro do respeito da capacidade do meio de o suportar. É neste contexto que importa desenvolver instrumentos de gestão dos Sistemas Ecológicos em que se assumem os mesmos como objecto de criação quer no sentido da construção de “habitats” mais eficazes e funcionais para as actividades humanas, quer para a restauração, recuperação ou substituição de ecossistemas perturbados ou comprometidos por essas actividades humanas. A Engenharia Natural procura responder a estas necessidades. Este pequeno livro procura, neste quadro ilustrar os principais domínios e formas de intervenção da Engenharia Natural no quadro da sua contribuição para uma melhor compatibilização entre as necessidades de uso das sociedades humanas e a capacidade dos sistemas naturais para as preencherem.