Autor(es):
Santos, José
Data: 2010
Identificador Persistente: http://hdl.handle.net/10174/2620
Origem: Repositório Científico da Universidade de Évora
Assunto(s): Habermas; Terror; Public space; Espaço público; Derrida; Terrorismo; Democracy; Democracia
Descrição
A única aposta razoável é a da permanência desse terrorismo, com as novas formas que lhe conhecemos ou outras ainda mais graves, quaisquer que sejam os esforços que (todas) as nossas sociedades empreendam para evitá-lo. Pelo que a conclusão se impõe: a variável decisiva é a propagação dos efeitos de um acontecimento limitado; e o recurso essencial é o conhecimento e o controlo dos mecanismos de retroacção negativa, susceptíveis de constituir barreiras à propagação do terror. Aposta que traz consigo dificuldades consideráveis, em sociedades cuja principal linha evolutiva é a da hiperconexão, que as coloca constantemente perante o perigo da fusão.
O que está em perigo é o espaço público. Mas descobrimos que ao defini-lo apenas pelo ângulo das précondições exigidas pelo estabelecimento de um espaço de comunicação não manipuladora, Habermas poderá ter subestimado o papel da separação, do conflito, da distância, enfim, que deve ser mantida para que o jogo social escape à maldição da fusão, da unanimidade, da autoimunidade. Ora o horizonte de modernidade inacabada que ele nos aponta inclui o da capacidade para produzir “bons” conflitos (claros e resolúveis), para assumi-los como campo de produção de interesses (pois estes não preexistem), e para aceitar que no espaço da regulação está também presente o inevitável espaço da violência. O que nós, pelo nosso lado, não iremos subestimar é o valor estimulante, provocatório até, da filosofia de Habermas, cujas teorias são um desafio constante, ineludível, para pensar com elas, contra elas, e, aqui e acolá, para além delas, os desafios contemporâneos.