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A incorporação segundo João Canijo: uma aproximação fenomenológica

Autor(es): Martins, José cv logo 1

Data: 2013

Identificador Persistente: http://hdl.handle.net/10174/10619

Origem: Repositório Científico da Universidade de Évora

Assunto(s): Incorporação;; realidade;; câmara;; vida


Descrição
Imbuído da herança do master shot improvisado de Cassavettes e do plano ‘bafo na nuca’ de Tarkovsky, o último filme de J. Canijo, Sangue do meu sangue, leva ao limite a exploração de um paradoxo: se a câmara ‘se (e nos) senta à mesa’, desfazendo a distância entre personagens/actores e pessoas, filme e realidade, espectadores (aqui) e cena (lá); se ela se, e nos, incorpora, do mesmo modo que os actores incorporaram o bairro, e a ficção cineástica incorporou a sua construtiva improvisação orgânica ‘de si mesmos como outros’ - resta que o olhar da câmara permanece técnico e fílmico, não humano (Frampton), estabelecendo de dentro da cena um ponto de vista restringido e formal (e não ilustrativo e ‘natural’) sobre ela - abrindo-a desde dentro -, correlato do jogo magistral do campo e fora-de-campo (um invisible activado e resistente que é investido na estruturação do visível da cena), que a fecha desde fora, ou que nela perturbadoramente se introjecta enquanto ‘dispersão da interpretação da representação’ (Canijo). O excesso de intimidade mostrativa redunda assim numa oclusão subtil (todo o ‘segredo’ do sangue) que restitui a um ilusório (e raro) efeito de real vivo toda a sua aura fílmica (numa relação aproximável da, pasoliniana, entre imagem e objectos, num cinema enquanto ‘linguagem da realidade’). Trata-se, para nós, de reconstituir as teorias fenomenológicas e neurocientíficas da incorporação fílmica (Merleau-Ponty, Sobchack, Grodal) enquanto ‘reprodutibilidade técnica’ (Benjamin, Frampton), que no-lo interpretem.
Tipo de Documento Artigo
Idioma Português
Editor(es) Baptista, Tiago; Martins, Adriana
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