Autor(es):
Pinheiro, Luís Menezes
; Magalhães, Vítor Hugo
; Monteiro, José Hipólito
Data: 2004
Origem: Repositório Comum
Assunto(s): Recursos minerais; Recursos marinhos; Mar; Portugal
Descrição
Em 1999 foram descobertos os primeiros vulcões de
lama no Golfo de Cádiz (sector marroquino). Desde
então foram realizados 8 cruzeiros científicos nesta área,
sempre com participação/coordenação nacional, tendo
sido demonstrada a existência de numerosas estruturas
geológicas associadas com o escape de fluidos ricos em
hidrocarbonetos, incluindo 29 vulcões de lama, confirmados
por amostragem directa. Estes vulcões de lama, 6
dos quais se localizam na área sob jurisdição nacional,
situam-se a profundidades de água que variam entre
cerca dos 400 e os 3200 metros. Foram recuperados
hidratos de metano de 3 dos vulcões de lama investigados:
Bonjardim, na margem portuguesa, Capt. Arutyunov,
no sector espanhol e Ginsburg, na margem
marroquina. A composição do gás dos hidratos revela
uma origem termogénica, o que sugere a ocorrência de
hidrocarbonetos em profundidade.
Para além dos vulcões de lama, foram também descobertas,
na zona norte do Golfo de Cádiz, tanto na parte
portuguesa como na parte espanhola, várias estruturas
de colapso (pockmarks) e campos de chaminés carbonatadas
associados ao escape de fluidos ricos em metano.
A investigação da ocorrência de hidratos de metano na
nossa margem é importante por se tratar de um provável
recurso energético do futuro e pelos riscos naturais que
lhe estão potencialmente associados. A sua destabilização,
provocada por flutuações do nível do mar ou por
actividade sísmica, pode causar instabilidades importantes
na vertente continental, com implicações potencialmente
nefastas em construções submarinas e cablagem,
podendo mesmo provocar a libertação de quantidades
consideráveis de metano para a atmosfera, com impacto
nas mudanças climáticas globais.