Author(s):
Camões, Miguel
; Lopes, Carla
Date: 2008
Persistent ID: http://hdl.handle.net/10198/5391
Origin: Biblioteca Digital do IPB
Description
Introdução: Existe uma relação de dependência entre a actividade física (AF) e a obesidade, no entanto, é importante esclarecer quais as dimensões deste factor de
risco modificável se associam mais fortemente com o desenvolvimento de novos
eventos. Este estudo tem o objectivo de estimar a associação entre os diferentes tipos de AF e a incidência de obesidade total e central numa população urbana Portuguesa.
Métodos: Avaliaram-se prospectivamente 1515 adultos (18-92 anos), residentes no
Porto, seleccionados pela técnica de aleatorização de dígitos telefónicos (Coorte
EPIPorto). Os períodos de avaliação decorreram entre 1999-2003 e 2005-2007. Foram
considerados para o cálculo da incidência 1185 indivíduos sem obesidade na
avaliação basal e 1030 indivíduos sem obesidade central na primeira avaliação. O
tempo médio (desvio padrão) de seguimento foi de 4,3 (2,3) anos. Mediu-se o peso,
a altura e o perímetro da cintura (PC) em todos os participantes e foram classificados
como obesos os indivíduos com IMC>=30 kg/m2 e com obesidade central os indivíduos
com PC>88 cm e PC>102 cm no 2º momento de avaliação, mulheres e homens
respectivamente. O dispêndio energético foi estimado usando o questionário de AF
que avalia o tempo despendido em diferentes actividades (min/dia) e o
correspondente equivalente metabólico (MET), tendo em consideração o ano prévio
à entrevista e discriminando os diferentes tipos de actividade: AF total, AF
ocupacional e AF de lazer. A ingestão energética total foi avaliada por questionário semi-quantitativo de frequência alimentar. Estimou-se a associação entre os
diferentes tipos de AF e a incidência de obesidade, usando a regressão de Poisson.
Resultados: Foram identificados 90 novos casos de obesidade total e 213 novos casos
de obesidade central, dos quais 70,0% e 72,3% são do sexo feminino,
respectivamente. Após ajuste para a idade, a escolaridade e a ingestão energética
total, apenas as mulheres envolvidas em AF de lazer moderada (4-6 METs) ou
vigorosa (>=6 METs) apresentaram um risco significativamente inferior de
desenvolverem obesidade, definida pelo IMC, quando comparadas com as mulheres
com uma AF de lazer leve (<4 METs), RR (95%IC)=0,18 (0,05-0,61) e RR (95%IC)=0,56
(0,33-0,96), respectivamente. Não se observou qualquer associação entre o
dispêndio energético total, a AF ocupacional e o desenvolvimento de obesidade total
bem como não foi encontrada qualquer associação significativa entre os diferentes
tipos de AF e a obesidade central, em ambos os sexos.
Conclusões: Nesta população, apenas no sexo feminino, a AF de lazer moderada ou
vigorosa mostrou ter um efeito protector no desenvolvimento de obesidade total.