Autor(es):
Correia, Teresa
; Carvalho, Cristina
; Dias, Tânia
; Correia, Pedro Miguel Gomes Pereira
Data: 2011
Identificador Persistente: http://hdl.handle.net/10198/5174
Origem: Biblioteca Digital do IPB
Assunto(s): Aleitamento materno; Obesidade; Crianças
Descrição
O aleitamento materno é um processo, aparentemente fisiológico inerente
à espécie humana mas que é condicionado por aspectos sociais, culturais e históricos. A
prática da amamentação não é instintiva, implica aprendizagem por parte da mulher e
protecção da sociedade.
O aleitamento materno é um dos factores preponderantes na alimentação das crianças
que permeiam a relação mãe-filho. A Organização Mundial de Saúde (OMS) na
tentativa de uniformizar conceitos relativos à prática da amamentação, definiu
diferentes categorias de aleitamento materno, das quais salientamos: Aleitamento
materno: quando a criança recebe leite materno (directo da mama ou ordenhado),
independentemente de receber ou não outros alimentos; Aleitamento materno exclusivo:
quando a criança recebe somente leite materno, directo da mama ou ordenhado, ou leite humano de outra fonte, sem outros líquidos ou sólidos, com excepção de gotas ou
xaropes contendo vitaminas, sais de reidratação oral, suplementos minerais ou
medicamentos. A OMS recomenda o aleitamento materno exclusivo nos primeiros seis
meses de vida e o aleitamento materno até aos dois anos ou mais.
Objectivos: Investigar a relação do aleitamento materno na obesidade infantil.
Metodologia: Estudo epidemiológico de corte transversal com 240 crianças entre os 2 e
os 6 anos de idade residentes no Concelho de Bragança. A variável de exposição foi o
aleitamento materno, sendo consideradas expostas as crianças que receberam aleitamento materno exclusivo durante um período de tempo inferior a 4 meses.
Foi definido sobrepeso/obesidade como o Índice de Massa Corporal (IMC) para a idade
igual ou superior ao percentil 85. Foram usadas como referência as curvas e as tabelas de percentis do IMC da Direcção Geral de Saúde para crianças de dois a vinte anos de idade, de acordo com o sexo e a idade. O processo de recolha de dados foi realizado por dois dos investigadores em colaboração com as Escolas durante os meses de Março e Maio de 2010. As informações recolhidas para a amostra da população geral foram analisadas com a metodologia estatística descritiva usual, após a sua informatização, recorrendo ao programa Statistical Package for Social Sciences (SPSS), versão 18.0.
Conclusões: Dentre as 240 crianças que participaram no estudo, 47,5% eram do sexo
masculino. A média de idades correspondeu a 4,4 anos (dp ±0,882). As mães destas
crianças tinham uma idade média de 34,87 anos (dp±5,14) Cerca de 43% das mães eram primíparas, com uma média de 1,8 filhos. A gravidez foi vigiada em 95,7% dos casos. A maioria destas mães teve parto eutócico (55%) com uma taxa de cesarianas de 41%.
A percentagem de crianças que receberam aleitamento materno geral foi de 84,4% e
destas cerca de 35% receberam-no em exclusivo. As crianças que foram alimentadas exclusivamente com leite materno apresentam uma prevalência de excesso de peso inferior à das crianças que não foram amamentadas
exclusivamente (29,5% vs.39%). (OR=1,53).
Os resultados deste estudo sugerem que o aleitamento materno tem um efeito protector
contra a obesidade em crianças pré-escolares. Contudo, os dados da literatura ainda são
controversos em relação a esta hipótese.
O aleitamento materno poderá ser mais uma vantagem na prevenção da obesidade
infantil, sendo um recurso prático e simples. No entanto a realização de mais estudos parece necessária para se confirmar a associação entre a amamentação e obesidade
infantil que se for confirmado será uma mais-valia.