Autor(es):
Magalhães, Pedro M.
Data: 2009
Identificador Persistente: http://hdl.handle.net/10198/4753
Origem: Biblioteca Digital do IPB
Assunto(s): Treino físico; Resistência à insulina; Controlo glicémico; Composição corporal; Complicações crónicas
Descrição
Os efeitos benéficos da prática regular de exercício físico na melhoria do controlo
glicémico e dos valores de repouso da tensão arterial sistólica (TAS) e da tensão arterial
diastólica (TAD), em doentes com diabetes mellitus do tipo 2 (DM2), estão relativamente bem
documentados na literatura, nomeadamente em programas de curta (4 a 16 semanas) e
média (16 a 26 semanas) duração. Menor consenso existe sobre a influência do exercício na
composição corporal, assim como no perfil lipídico e lipoproteico, onde a literatura apresenta
resultados contraditórios. No presente estudo, procurou-se avaliar os efeitos de um programa
de exercício físico regular de longa duração na composição corporal, no controlo glicémico,
na resistência à insulina, nos factores de risco modificáveis das doenças cardiovasculares
(DCV) e no sistema global europeu de pontuação do risco de um evento cardiovascular fatal
num período de 10 anos (Systematic Coronary Risk Evaluation – SCORE), em doentes com
DM2, acompanhados pelo Centro de Saúde de Bragança. A amostra foi constituída por um
grupo de referência (GR) (n=102, 53 mulheres e 49 homens com uma média de idades de
65,1±8,7 anos) e um grupo de intervenção (GI) (n=23, 15 mulheres e 8 homens com uma
média de idades de 63,7±6,9 anos), todos com DM2 diagnosticada. Os indivíduos do GI
foram sujeitos a um programa de treino moderado de longa duração (32 meses),
predominantemente aeróbio (caminhada a uma velocidade de ±6 km·h-1, exercícios de
hidroginástica), cinco vezes por semana (4 sessões em meio terrestre e 1 em meio aquático
por semana), com uma duração de 55 minutos por sessão. Os elementos do GR não
participaram em nenhum programa de exercícios, tendo sido avaliados apenas uma vez.
Foram realizadas avaliações de 4 em 4 meses, num total de 9, durante toda a duração do
protocolo experimental. Entre cada momento de avaliação, foi observado um efeito
significativo do programa de treino na redução dos valores médios do índice de massa
corporal (IMC) [-0,092 Kg·m-2 (IC 95%: -0,127 – -0,057)], do perímetro da cintura (PC) [-0,403
cm (IC 95%: -0,522 – -0,283)], do rácio cintura/anca [-0,002 (IC 95%: -0,002 – -0,001)], da
soma das pregas cutâneas [-0,179 mm (IC 95%: -0,339 – -0,019)], da glicemia de jejum [-
0,119 mmol·L-1 (IC 95%: -0,193 – -0,046)], da resistência à insulina (homeostasis
assessment model insulin resistance – HOMA-IR) [-0,080 unidades (IC 95%: -0,142 – -
0,019)], da glicemia crónica (hemoglobina glicada A1c – HbA1c) [-0,073% (IC 95%: -0,130 – -
0,016)], da TAS [-1,189 mmHg (IC 95%: -1,729 – -0,650)], da TAD [-0,406 mmHg (IC 95%: -
0,660 – -0,152)], do colesterol total (CT) [-0,050 mmol·L-1 (IC 95%: -0,096 – -0,005)], do
colesterol LDL (C-LDL) [-0,066 mmol·L-1 (IC 95%: -0,102 – -0,030)] e do índice SCORE [-
0,170% (IC 95%: -0,254 – -0,087)], assim como no aumento dos valores médios do
colesterol HDL (C-HDL) [0,012 mmol·L-1 (IC 95%: 0,001 – 0,022)]. Foi também identificada
uma associação directa e significativa da assiduidade ao programa nas reduções no IMC, no
PC, na soma das pregas, na glicemia de jejum, na insulina de jejum, no HOMA-IR, na
HbA1c, na TAS, na TAD, no CT, nos triglicerídeos de jejum e no índice SCORE. Após a
análise dos resultados, pode-se concluir que o programa regular e estruturado de exercício
físico moderado, mantido no longo prazo, consistiu numa forma auxiliar de tratamento segura
e eficaz na melhoria da composição corporal, do controlo glicémico, da saúde cardiovascular
e na redução do risco de um evento cardiovascular fatal num período de 10 anos, apesar da
tendência natural para o agravamento destes parâmetros com o avançar da idade.